quinta-feira, 4 de abril de 2013

Eu disse que ia fazer barulho - Parte 3


Quando fui fazer a queixa na GNR relativamente ao envenenamento do meu baby e dos outros gatinhos, aconselharam-me a enviar uma carta relatando o que aconteceu à câmara de Gaia. Escrevi então uma carta toda pipi onde inclui uma cópia com as notícias que saíram nos jornais e um mapa com a localização exacta de ambas as ruas. Enviei-a registada e esperei que ignorassem, como normalmente fazem neste tipo de coisas. A semana passada ligaram-me da câmara e marcaram um dia e uma hora cá em casa para falarmos pessoalmente sobre o assunto. Dois senhores super simpáticos, educados, mostraram-se de facto preocupados com o caso e na impossibilidade de fazerem o que quer que seja contra alguém em concreto disseram que iam falar com alguns vizinhos, andar na zona, pelo menos para criar mais algum alarido à volta do assunto e com isto, talvez, intimidar o anormal em questão. Fiquei, de certo modo, surpreendida e contente por terem dado importância ao caso. Não esperava, de todo!
Hoje, o mesmo senhor ligou-me. Disse-me que tinham dado umas voltas na zona e que tinham encontrado uma taça com comida na minha rua, em frente à minha casa. Pois, essa taça é minha. Sou eu que a ponho na rua com ração seca para alimentar os gatinhos que andam cá fora. Como moro numa rua sem saída, uma rampa, onde não há trânsito, nem movimento, rodeada de terrenos não construídos, e por isso os animais andam à vontade, tenho uma taça cá fora com água e comida. Resumindo, o senhor alertou-me para o facto de ser EXTREMAMENTE PROIBIDO, alimentar animais na via pública. E que corria o SÉRIO RISCO de ser multada. Com ênfase no extremamente proibido e no sério risco. E, inclusive, convidou-me a procurar a lei na constituição. Sim, porque isso é que é importante, e não os crimes (que legalmente não são crimes, porque os animais são coisas). A minha vontade assim de repente era dizer-lhe que me estou a cagar para essa lei. Que é uma lei feita por atrasados mentais que deviam estar a trabalhar, a cavar na terra debaixo de Sol para saberem o que custa a vidinha em vez de andarem a mamar à custa de quem paga impostos. E que tenho todo o gosto de a infringir. Aliás, faço-o todos os dias. Não só na minha rua, como por onde passo. Mas como o senhor até foi simpático e prometeu ajudar-me nesta questão, lá lhe disse que ia tirar a taça da rua e colocá-la no meu terreno ou no terreno do vizinho, porque aí já posso. Quer dizer há malta a matar animais, porque sim. E quem está a infringir a lei, sou eu. Porque alimento animais na rua. E depois admiram-se quando digo que estamos numa merda de um país de terceiro mundo. Onde a justiça não vale um corno, a lei é feita por uns merdas e nós andamos aqui rodeados de gente idiota que também não vale um tostão furado. E é isto. É o país que temos.

4 comentários:

GATA disse...

Portugal é um país??? Eu pensava que era um circo!!!

E mais uma vez aplaudo de pé! Eu, cada vez mais, me sinto uma marginal, pois não me identifico com a mentalidade da sociedade. Enfim...

sara disse...

Really????????????? Anda tudo tolo!!! Olha, eu não fazia a mínima ideia que era pribido alimentar animais na via pública! Tou lixada, kker dia apanham-me...UUUUUUUUUU AAAAAAAAAAAA que medo! Merda de paizeco!

Cátia Gomes disse...

Eu já sabia que era proibido alimentar animais. Sobretudo nos centros das cidades, praças e assim, onde há polícia da câmara, não o faço. Ou evito. A minha mãe alimenta todos os dias uns gatinhos que vivem numas casas antigas junto ao trabalho dela, na Rua do Almada, mesmo no centro do Porto. Há lá polícia junto aos Bancos que já a conhecem e nunca disseram nada. De uma maneira geral, são pessoas "normais".

Agora essa lei foi feita por gente que, obviamente, deve dever muito à inteligência. Como se matando os animais à fome, fosse evitar que eles se reproduzissem. Quando um animal de rua morre de doença ou fome ou outra coisa qualquer, já deixou várias ninhadas, que por sua vez vão gerar outras tantas. Em vez de investirem na esterilização dos animais de rua, fazem estas coisas. Com veterinários municipais disponíveis, esterilizavam os bichos, criavam-se colónias controladas, sensibilizavam à adopção. Os canis deixavam de encher, os abates deixavam de ser necessários. Mas não. Pensar dá muito trabalho. Então a vida destas bestas resume-se a apanhar animais na rua, aprisioná-los durante uns dias em condições miseráveis, e depois abatê-los. E depois parece que são todos escolhidos a dedo. Quem faz as leis, os que andam na rua a apanhá-los e os veterinários municipais. Tudo uma cambada de carniceiros, sem cérebro e sem sensibilidade nenhuma.

Mas, para mim, o caricato da situação foi mesmo a importância que deram a uma taça com ração seca, neste caso. Isto ultrapassa-me! Não acho normal. Mas como a interessada no caso sou eu, há que engolir o sapo. Temos de engolir alguns nesta vida!

Soraia disse...

tristeza...