terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Carnaval


Quem me conhece sabe que não sou adepta do Carnaval. Aliás, gosto tanto do Carnaval como gosto do Benfica. Acho estúpido. Irrita-me profundamente ouvir aquele samba chato. E acho que a tradição em Portugal é muito pouco portuguesa.
Mas acho indecente que o Estado acabe com a tolerância de ponto nesse dia. Acho indecente que o Estado acabe com feriados, que corte nos subsídios, digo de Natal ou de férias, porque aqueles que podiam cortar (rendimentos mínimos e afins) não cortam.

Mas o que me chateia mesmo é ver populares em entrevistas na TV  a concordarem com este corte, é ler bloggers que saúdam esta atitude. Cada vez me convenço mais que Portugal é uma país de invejosos. E é uma peninha.
Portugal está em pleno retrocesso. Estão a acabar com direitos  que foram conseguidos com o sangue de muito boa gente. Com esta estória da crise, está a pagar quem não tem culpa nenhuma.

O que é preciso neste país não é trabalhar mais, é trabalhar melhor. Não é com meias horas por dia, nem com os cortes de feriados que se vai resolver a crise. Se querem acabar com a crise, podiam começar a cortar uns milhões aqui e ali aos administradores de empresas públicas, cortar a pensões ridículas e a reformas nojentas que muito boi anda aí a receber.
Mas não, vamos acabar com uns feriados e umas tolerâncias de ponto, e usar os funcionários públicos como bode expiatório, para tapar os olhos ao povinho, porque eles comem tudo o que se lhe der.

6 comentários:

GATA disse...

Subscrevo totalmente! Mas, infelizmente, pessoas como nós estão em minoria!

Cátia Gomes disse...

Isto para não falar dos locais em que o Carnaval é importante para o comércio. O turismo que deixa de existir. São cada vez mais os hotéis a fechar, pessoas desempregadas porque não há poder de compra para uns dias de férias.
Cortes de ordenados e subsídios, levam a uma diminuição do poder de compra. Os bancos deixam de emprestar dinheiro. O sector imobiliário vai ao charco, segue-se o da construção civil. Depois vemos fábricas (como a de Valadares estes dias)de materiais relacionados com a construção a fechar. São centenas de funcionários para a rua. E afinal, o dinheiro que o Estado nos está a roubar, vai servir para pagar mais milhares de fundos de desemprego.

E então, onde está o crescimento da economia? Não está. Não é a roubar dias nem subsídios que o país vai andar para a frente. É a dar poder de compra ao povo para fazer circular o dinheiro. Para quê produzir se não há quem compre? Falta de poder de compra leva à falência de vários sectores. É uma bola de neve.
Mas as pessoas estão é preocupadas se os funcionários públicos devem ou não gozar o dia de Carnaval. E é isso que eles querem.

GATA disse...

Mais uma vez, subscrevo as tuas palavras!

Se me permites, coloco aqui parte de um comentário que fiz noutro blog (ou seja, cito-me a mim mesma!)

Ainda que não goste do Carnaval, critico o cancelamento em cima da hora: Torres Vedras, Ovar, Loulé, p.e., são autarquias que já têm dinheiro investido nos festejos há muitooo tempooo. Se o Senhor Primeiro-Ministro queria cancelar o feriado, devia ter avisado com maior antecedência!

E já agora... não é com cortes nos feriados e nos subsídios que se resolve o problema! Só quando o Estado começar a cortar nas próprias despesas é que se começa a avançar! Mas o Estado e os seus representantes preferem continuar a apregoar o velho ditado "faz o que eu digo, não faças o que faço"...

Assim não se avança NUNCA! Não saímos do mesmo lugar, damos voltas no mesmo sítio, e vamo-nos enterrando pouco a pouco...

Cátia Gomes disse...

Lá está, um subsídio de Natal ou de férias não pode ser visto como uma despesa. É um direito.
Despesas são os prémios que se dão aos administradores. É o fornecimento de casa, carro e pagamento de despesas dessas mesmas pessoas enquanto cumprem a sua função. E são mais que bem pagos para o fazer. São os rendimentos mínimos que se dá a quem não merece. É a compra de frotas de carros para os representantes do governo que nós pagamos. A gasolina deles que nós pagamos. Há uma série de despesas que o governo tem de cortar. Mas não passa por roubar o povo que trabalha.

Em Portugal não há incentivos a quem trabalha. Em Portugal incentiva-se o malandro. Aquele que, além de receber dinheiro do Estado sem fazer nenhum, também não paga taxa moderadora porque é pobre. E como é pobre, também tem direito a casas do Estado.
Aquele que trabalha, que tem de pagar casa, impostos, médicos e Hospitais vê os seus subsídios cortados e ainda tem de trabalhar mais para ganhar o mesmo.
O corte dos feriados não vai aumentar produção nenhuma. Vai é dar poder ao patrão para cortar aqui e ali.
Estes cortes não passam de medidas populistas para atirar areia aos olhos do povo. Para criar uma onda de "tem de ser, temos de trabalhar para Portugal andar para a frente". Enquanto isso, a real despesa continua a ser feita. Quem tem dinheiro, continua a ter dinheiro. Quem tem trocos, vai ficar sem eles.
É revoltante. E revolta-me ainda mais que muita gente não compreenda isso. Não demora muito vão começar a despedir a função pública (mas os pequenos da função pública, são esses que levam no pelo) e depois eu quero ver. Vem tudo por aí abaixo.

Mas enfim. O povo vota, o povo decide. E quem tem juízo que se ponha a andar enquanto é tempo.

GATA disse...

Mas eu, quando falo em cortes de despesas, refiro-me às despesas do Estado! Dos políticos! Não do povo!

Ainda ontem ouvi duas notícias que me deixaram, tal como tu, revoltada!

Uma, que os gestores da TAP, da RTP e da CGD escapam à limitação do vencimento. E estamos em crise, faria se não estivessemos...

Outra, que um casal com um filho adulto, creio de etnia cigana, foram detidos por tráfico de droga, mas continuam a receber o RSI, têm uma vivenda e dois veículos topo de gama.

E ficávamos aqui o dia todo...

sara disse...

Não podia estar MAIS de acordo ctg! É revoltante!