quinta-feira, 4 de março de 2010

Bullying nas escolas

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Uma notícia que me chocou imenso esta semana foi o alegado suicídio do menino de Mirandela que alegadamente sofreria de Bullying. Esta é uma questão que sempre me incomodou. Não suporto cobardia. E vindo de crianças, só me deixa mais chocada com a natureza mesquinha do Homem que me parece cada vez mais inata. Porque não me falem em famílias problemáticas, problemas financeiros ou o que quer que seja. Não são, nem podem ser desculpas para a maldade. Porque o Bullying é maldade pura.

Há uns tempos vinha eu no metro em hora de ponta. Consegui lugar sentado num lugar imediatamente atrás de um daqueles bancos que têm outros bancos em frente. Normalmente quando viajo em transportes públicos não gosto de ir a olhar para as pessoas. Porque também não gosto que fiquem a olhar para mim. Evito reparar nisto ou naquilo. Então normalmente olho para o chão, para o tecto, para a janela, enfim... A certa altura da viagem reparei numa miúda que estava sentada dois bancos à minha frente. Mas que estava virado para o meu. A miúda tinha uma mochila às costas e estava sentada na ponta do banco. Devia ter uns 16 anos. Por trás dela estavam duas badalhocas, literalmente badalhocas, bem mais velhas que ela (pelo menos pareciam) de cabelo comprido amarrado em rabo-de-cavalo, grandes e grossas argolas de ouro e uma série de voltas de ouro à volta do pescoço. Tinham toda a pinta de arruaceiras. Estas duas cobardolas estavam constantemente a dar estalos à miúda, mas disfarçadamente. Na cabeça, no pescoço, na cara. A miúda, de costas para elas tentava evitar, mas não dizia nada. Não piava. Depois do choque, a minha primeira reacção ía ser falar, insultá-las um bocadito só para me dar um bocadinho de gosto, mas depois pensei duas vezes porque tive medo que depois fosse pior para a miúda. Que sofresse represálias maiores. Enquanto pensava no que fazer, ela levanta-se e sai disparada e aqueles seres desprezíveis, porque não consigo arranjar melhor adjectivo, conseguiram sair atrás dela. Depois senti-me culpada por não ter dito nada logo na altura.


Resumindo, eu não sei qual seria a minha reacção se sonhasse que um filho meu estivesse a sofrer uma violência destas, aparte da vontade de partir a cara aos monstrinhos. Porque são pequenos monstros. O que posso garantir é que depois das queixas na escola, polícia e afins, o meu filho era imediatamente tirado da escola em questão. Porque eu nem quero imaginar o terror que deve ser para estas crianças conseguirem ir à escola. Deve ser uma violência psicológica tão grande que pode ter graves repercussões no futuro.


Voltando ao caso do miúdo de Mirandela, que me desculpem os professores, funcionários, directores e afins da escola, mas grande parte da culpa nestes casos passa por eles. Eu não acredito que toda esta gente não se aperceba no que se passa entre os miúdos. Não acredito. Porque tudo começa na escola. E porque é no ambiente escolar que devem ser detectados. E devem estar mais atentos nestes casos e reportá-los imediatamente aos pais.

Eu sou da opinião que a educação tem de ser dada em casa. A profissão dos professores não é educá-los, é ensiná-los. E tenho também consciência que há muito pai estupidinho e ceguinho e burrinho e essas coisas todas. E, regra geral, apoio os professores nas quesílias entre pais/alunos/professores, porque normalmente estes têm razão. Mas este não é um caso de educação. É uma caso de violência grave que tem de ser controlado. E os miúdos têm de ser severamente castigados. Porque senão, daqui a uns tempos, vamos ter uma série de monstrinhos à solta nas ruas que vão ser o futuro deste país.

2 comentários:

Anónimo disse...

Já alguém te disse que escreves muito bem? ... Se não disse, deveriam ter dito. Porque é verdade. Tens um dom. Beijinhos.
Alice Castelejo

Cátia Gomes disse...

Ah! Olá. Já me disseste tu ;) Beijinho